A mulher que habita uma Assistente Social grita
Grito que ecoa em letras garrafais para aliviar muitos ais
Demandas a mais
A mulher que habita uma Assistente Social, não condena destinos
Respeita a todos, inocentes, meninas e meninos
Se indigna e chora
Acolhe o tempo todo, a toda hora
Todos os seres, gente que muita gente ignora
Lésbicas, Travestis, guris e garis
A mulher que habita uma Assistente Social respeita homossexual, rechaça o mal
Encara todo vendaval
Sente vergonha do desrespeito humano
valoriza mais o saber do que a aparência do pano
A mulher que habita uma Assistente Social
Lê e pesquisa
Evita julgamentos e simplicidades preconiza
A mulher que habita uma Assistente Social
Quando se vê hostilizada
Revela suas convicções e encara tudo, corajosamente, ao ser subestimada
Mas nunca desiste da sua caminhada
A mulher que habita uma Assistente Social sofre a dor do misoginismo
Sente na carne as agruras do machismo
Planta lírios numa ilha
Escreve um mundo mais igualitário para todas as filhas
Leva porrada, cai da escada
Se vê atormentada quando tenta dar sua guinada
A mulher que habita uma Assistente Social assiste estarrecida
Ao ódio que desumaniza
Tem o peito mutilado
Seu espelho estilhaçado
Dói na carne, na boca, na alma o espetáculo dantesco
A que uma mulher num cenário animalesco é submetida
A mulher que habita uma Assistente Social sente hoje a dor sem fim
Ao perceber outras mulheres sofrerem com o machismo, enfim
A mulher que habita uma Assistente Social prefere os argumentos
Lamenta as agressões, as posturas sem cabimento
A mulher que habita uma Assistente Social, atua no gesto mais humano, desfaz o terrível engano das injustiças sociais.
E hoje, nessa posse, inaugura um tempo das possibilidades reais de humanidades a mais.
Raquel Anderson